Os brasileiros precisam valorizar as instituições eminentemente brasileiras. De sangue regional, o Banco do Nordeste (BNB) tem demonstrado desempenho acima da média nacional, nos últimos anos. Na direção, grandes gestores, profissionais de carreira da instituição, de extraordinário perfil e ilibada conduta. Na vassourada de fogo da corrupção no País, o banco manteve-se ileso.
O BNB é fundamental para a região, não só financiando a agricultura e a indústria, mas o comércio em geral, além do microcrédito, operado com maestria e responsabilidade, formalizando e contribuindo para a transformação de microempreendedores em grandes empresários. Até a sanfona telúrica de Gonzagão exaltou essa relevância: “Eu sou do banco, do banco / Do Banco do Nordeste, caba da peste”. Criado no ano de 1951 em decorrência da seca, o banco é filho da estiagem, neto do progresso, bisneto do empreendedorismo regional.
Nesses tempos de Covid-19, com a maioria das empresas locais há mais de 70 dias sem funcionar, o banco veio em socorro, de novo, cumprindo seu papel social, realizando operações de crédito com taxas históricas de 0,25% ao mês. Não fosse o refrigério, empresas de todos os portes e setores teriam pedido falência, entrado em recuperação judicial, com desemprego massivo. Foram 10,9 milhões de operações contratadas pelo Crediamigo. Lembrete: 35,1 bilhões de reais foram alocados pelo BNB para o semiárido desde 1989, e 827 mil contratações do maior programa de microcrédito do Brasil.
Entregar o BNB a qualquer um, por interesse político, fere de morte um dos princípios republicanos – o bem comum. O desenvolvimento sustentável da região traduz muito bem esse pensamento, numa sociedade carente de crescimento.
Sobre a escolha do gestor que nem um dia passou, não entendi o porquê da mudança, se exitoso foi o trabalho do presidente anterior. Se necessidade de troca houver, seja o comando exercido por servidor de carreira da instituição, que tem no DNA um pouco de todos nós – de cearensidade e nordestinidade.
Não deixemos morrer a flor do mandacaru, pela falta de chuva da racionalidade ou pela tempestade torrencial não republicana.
Assis Cavalcante, presidente da CDL de Fortaleza