O evento acontece de 13 a 22 de agosto de 2021 com a transmissão ao vivo de espetáculos, direto do Theatro José de Alencar e do Teatro B. de Paiva, no Porto Dragão. Teatro Máquina (O Cantil), Edisca (Estrelário) e Cia Dita (Fortaleza), estão entre as atrações. O acesso à transmissão é gratuito.
Manter a dança próxima do público sem a sua presença na plateia. Essa é a proposta da Bienal Internacional de Dança do Ceará / De Par Em Par com a tecnologia empregada na filmagem de espetáculos em sua 7ª edição. O resultado é a transmissão ao vivo, em realidade virtual, que poderá ser acompanhada de 13 a 22 de agosto de 2021 no canal do evento no YouTube.
Nos palcos do Theatro José de Alencar e Teatro B. de Paiva, no Porto Dragão, equipamentos da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult-CE), 22 espetáculos de artistas cearenses vão ser apresentados e transmitidos ao vivo, em sessões às 18h e 21h. Seguindo os protocolos de biossegurança recomendados pelas autoridades sanitárias, o acesso aos teatros será restrito aos artistas e técnicos envolvidos nas produções, todos devidamente vacinados e/ou submetidos ao teste de RT-PCR (swab).
A VII Bienal de Dança / De Par Em Par é apresentada pelo Governo do Estado do Ceará, através da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult-CE), Lei Estadual Nº 13.811 – Mecenato Estadual. Agradecimento: Enel. Apoio: Lei Aldir Blanc (Governo do Estado do Ceará/ Secult-CE, Prefeitura Municipal de Fortaleza/Secultfor, Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo, Governo Federal), Consulado Geral da França para o Nordeste. Parceria: Quitanda Soluções Criativas. Apoio institucional: Theatro José de Alencar, Porto Dragão e Porto Iracema das Artes. Realização: Indústria da Dança e Proarte.
A abertura, no dia 13 de agosto, no TJA, será com o Teatro Máquina na remontagem do premiado “O Cantil” (2008), espetáculo mais antigo do grupo de teatro fundado há 18 anos em Fortaleza. Com texto e direção de Fran Teixeira, “O Cantil” surge de uma leitura bastante específica de “A exceção e a regra”, de Bertolt Brecht, onde a palavra é suprimida, para que o gesto seja enfatizado e o trabalho dos atores possa ser refuncionalizado pelo exercício de demonstração e manipulação. Também na noite de abertura a Cia Dita volta aos palcos da Bienal com “Fortaleza”, espetáculo que estreou em 2019 fazendo um paralelo entre o corpo e a cidade.
A Edisca, um dos projetos sociais mais respeitados no país, no campo das artes para crianças e adolescentes, em especial a dança, também está de volta aos palcos da Bienal para apresentar “Estrelário”, seu mais recente espetáculo. Todo o elenco da escola dançará de máscara.
Projetos de intercâmbio e colaboração entre companhias e coreógrafos desenvolvidos pela Bienal de Dança marcam a trajetória do evento, que nesta edição da De Par Em Par apresenta, como resultado dos Percursos de Criação, “Inventário de Belezas”, uma criação do coreógrafo convidado Luiz Fernando Bongiovanni, apresentado pela Paracuru Cia de Dança, com direção de Flávio Sampaio.
É fruto de intercâmbio também a adaptação de “My (Petit) Pogo”, obra de maior circulação na França da Cie. R.A.M.a., do coreógrafo Fabrice Ramalingom, com a Carnaúba Criações, do Ceará. Com a direção online do coreógrafo francês, a remontagem com bailarinos no Ceará teve, de forma presencial, a cearense Clarice Lima como assistente de direção e ensaiadora. Parceria entre a Bienal e o Consulado Geral da França para o Nordeste em Recife, esta é uma experiência inédita de transmissão coreográfica transoceânica, onde os artistas envolvidos se engajam na adaptação de uma escrita e de uma didática precisas aos corpos e público brasileiro.
“My (Petit) Pogo” será um dos três espetáculos desta edição que a Bienal apresenta com tradução em libras, reafirmando seu compromisso com a acessibilidade dentro e fora dos palcos. Terá tradução também “No’Tro Corpo”, um ensaio sobre as possibilidades do corpo do criador e intérprete João Paulo Lima, idealizador da Plataforma de Dança e Acessibilidade da Bienal Internacional de Dança do Ceará. Clarissa Costa e Jhon Morais apresentam “Felizes para Sempre”, uma proposta cênica de dança-integrada onde usam com apropriação, técnicas de danças de salão, gestos e vocabulários da Língua Brasileira de Sinais.
Alguns projetos que terão apresentações transmitidas em realidade virtual, foram desenvolvidos no Laboratório de Criação em Dança da Escola Porto Iracema das Artes: “Fortaleza 2040”, com Andreia Pires; “O cheiro da lycra”, de Alysson Amancio Cia de Dança; “233A 720 KALOS”, da Cia Vatá – Companhia de Brincantes Valéria Pinheiro; “Tudo passa sobre a terra”, de Rosa Primo; e“Corpos embarcados”, da Companhia Barlavento, trabalho com direção coreográfica de Circe Macena, que divide a criação e interpretação com Marina Brito, sob orientação de Maria Eugênia de Almeida (SP).
A Companhia da Arte Andanças, com direção de Andréa Bardawil, apresenta dois espetáculos, “O tempo da paixão ou o desejo é um lago azul” e “Graça”, este em parceria com Graça Martins, intérprete-criadora; a bailarina, coreógrafa e performer Silvia Moura e o ator, dramaturgo e diretor teatral Ricardo Guilherme estão em “Se ela dança, eu canto” e Ricardo Guilherme apresenta também “RamaDança”, neologismo criado pelo autor para relacionar os termos ramadã (período sagrado dos muçulmanos) e dança.
Nos palcos da Bienal De Par Em Par também se apresentam Edmar Cândido em “Canil”; Cia Balé Baião, direção de Gerson Moreno,em “Prelúdio para danças caboclas”; Zé Viana Júnior em “CorpoCatimbó”; Cia Dita, em “Mulata”, solo da bailarina Wilemara Barros; Rosa Primo em “Iracema”. E Lourdes Macena homenageada nesta edição da Bienal De Par Em Par, leva ao palco no encerramento o Grupo Miraira, que fundou há 39 anos, quando ingressou na Escola Técnica Federal do Ceará, atuando na disciplina de Educação Artística. O grupo apresenta “Povoado”, com quadros dançados no último espetáculo, “Pátria Grande”, que estreou em novembro de 2019.
REALIDADE VIRTUAL
Para dar ao espectador a sensação de estar no lugar da câmera, podendo com isso escolher para onde olhar, será utilizada a câmera VR, que se constitui em um conjunto de câmeras que conseguem filmar o espetáculo a partir de várias lentes alinhadas. Essa tecnologia permite compor uma espécie de esfera ótica onde se filma um espaço em 360 graus.
O cineasta cearense Alexandre Veras é o diretor da transmissão ao vivo. “A utilização dessa tecnologia traz a dimensão dos múltiplos recortes da imagem, abrindo ao espectador a possibilidade de maior interação diante de um quadro que não está pré-definido. O espetáculo é gravado mantendo uma dimensão cênica e o espectador pode navegar, fruir, olhando para onde quer”, diz.
Essa tecnologia, conforme explica Alexandre, restitui a possibilidade que às vezes o olhar da câmera retira, quando enquadra e fixa em um ponto de vista. “Isso colocou outras possibilidades em relação à fruição do espetáculo cênico mediado pela tecnologia, é como se o espectador estivesse fazendo várias leituras do espetáculo. Não é mais nem menos, é só diferente”, continua. Independentemente da tecnologia, o que a Bienal de Dança pretende trazer a partir da realidade virtual é a abertura de outros possíveis modos da dança ser.
Além da transmissão ao vivo, a tecnologia utilizada na filmagem vai gerar um arquivo de imagens que possibilitará manter a íntegra dos espetáculos filmados e a produção dos documentários das companhias, que incluem cenas de bastidores, making of e o processo de produção de cada espetáculo.
BIENAL DOS ANOS PARES
Reconhecida internacionalmente como um dos grandes eventos de dança realizados no Brasil, a Bienal Internacional de Dança do Ceará, acontece desde 1997 sempre nos anos ímpares, no mês de outubro. Em 2008 deu início à Bienal De Par Em Par, um desdobramento da consolidada edição dos anos ímpares e, desde então, vinha sendo realizada sempre nos anos pares, também no mês de outubro.
A pandemia de Covid-19 inviabilizou a realização da 7ª Bienal De Par Em Par em outubro de 2020, que foi adiada para março de 2021, com programação 100% online. As apresentações ao vivo com transmissão em realidade virtual, que acontecem agora em agosto, seriam realizadas em março, juntamente com o Seminário TEPe e uma série de eventos integrados, que juntos formaram uma parte da programação chamada de Redes Confluentes, mas foram adiadas em virtude do decreto de lockdown no período.