Talvez nem todos saibam que o Brasil, esse país tão miscigenado, é o que mais mata LGBT’s no mundo (um a cada 25 horas, segundo relatório da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros e Intersexuais). É justamente nesse cenário alarmante que iniciativas artísticas reforçam o discurso da aceitação, do orgulho, e do respeito. Como disse o escritor Ferreira Gullar, “A arte existe porque a vida não basta” – e não basta mesmo.
Nessa semana, chega a Sobral o espetáculo “Quem tem medo de Travesti?”, que é tanto uma demonstração de resistência, como um convite à ideia da cidadania. Baseado nos principais desafios do universo “trans”, o texto fala do preconceito que parte de marcas deixadas na infância e juventude, passando pelos olhares do amadurecimento, até um mercado de trabalho que não está interessado na inclusão.
Atores, cantores e bailarinos que compõem o coletivo “As Travestidas”, dão vida ao espetáculo elaborado da pesquisa de Silvero Pereira sobre o espaço da travesti no teatro e na sociedade contemporânea. Coletando fragmentos reais, travestis e transformistas relataram as fases de aceitação, do glamour do teatro de revista à marginalização explícita nas ruas. Não há como questionar a necessidade de se falar sobre o tema, e conscientizar com música e dança é um caminho traçado pelo coletivo.
A apresentação dirigida por Jezebel De Carli e Silvero Pereira está dentro da programação de pré-carnaval do “Verão Sobral”, promovido pelo Instituto ECOA . Sua presença num festival que acontece no interior do Ceará é uma iniciativa por si só interessante ao trazer o combate a LGBTfobia em forma artisticamente plural.
Com classificação etária de 16 anos, o evento acontece gratuitamente no Theatro São João (Praça São João, 156, Centro – Sobral), nessa quinta (25), apresentando no elenco os artistas Denis Lacerda (Deydianne Piaf), Alicia Pietá, Patrícia Dawson, Italo Lopes (Karolaynne Carton), George Hudson (Bethânia Houston) e Rodrigo Ferreira (Mulher Barbada).
