Com oito longas-metragens e 15 curtas selecionados, o Cine Ceará – Festival Ibero-americano de Cinema anuncia os filmes que vão compor a Mostra Olhar do Ceará da 33ª edição, que acontecerá de 25 de novembro a 01 de dezembro. É o dobro de longas e o número de curtas é 50% a mais do que na edição anterior. Esse crescimento é um reflexo da efervescência de produções locais de alta qualidade e o festival confere ao cinema cearense uma maior representatividade na programação. O melhor longa e o melhor curta da Mostra eleitos pelo júri do festival serão agraciados com o Troféu Mucuripe.
Dentre os longas selecionados estão as ficções “Represa”, de Diego Hoefel, único longa-metragem brasileiro no Festival Internacional de Cinema de Roterdã e vencedor de cinco prêmios no 30º Festival de Cinema de Vitória (Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Roteiro, Melhor Fotografia e Menção Honrosa a Gilmar Magalhães, ator coadjuvante do longa), e “Quando eu me encontrar” , de Amanda Pontes e Michelline Helena, vencedor dos prêmios de Melhor Roteiro (júri oficial) e Melhor Filme (júri da crítica) no Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba. Outro longa de ficção é “Os maluvidos”, de Josenildo Nascimento e Gislandia Barros, que foi produzido e contou com atuação de moradores do Bom Jardim, bairro localizado na periferia de Fortaleza.
São quatro documentários de longa-metragem: “A luta de Nzinga” de Eduardo Cunha Souza, que faz uma narrativa de conexões entre a história de Maria da Luz Fonseca, uma mulher negra, natural da Ilha de Príncipe e a da rainha angolana Nzinga; “Amilton Melo – ídolo de todos”, de Ciro Câmara e Vinicius Augusto Bozzo, sobre a carreira desse ídolo do futebol cearense; “Nirez eterno”, de Aderbal Nogueira e Glauber Paiva, sobre o pesquisador Miguel Ângelo de Azevedo “Nirez”; e “Um pedaço do mundo”, de Tarcísio Rocha Filho, Victor Costa Lopes e Wislan Esmeraldo, sobre quatro mães de pessoas LGBTQIA+. Fecha a seleção de longas da Olhar do Ceará o híbrido “Todas as vidas de Telma”, de Adriana Botelho.
Segundo a curadora da Mostra Olhar do Ceará, Camilla Osório, a palavra que define o recorte curatorial da Mostra deste ano é a diversidade, e destaca o aumento de produções de longas-metragens no estado. “A gente tem uma seleção de oito longas-metragens, que é uma quantidade inédita. Nunca tínhamos tido tantas produções e a Mostra Olhar do Ceará busca refletir isso, que tem a ver com o aumento do financiamento público ao cinema. Nessa seleção, temos filmes premiadíssimos, como ‘Represa’ e ‘Quando Eu Me Encontrar’, até filmes como ‘Os maluvidos’, que foi feito com poucos recursos e que traz realizadores da periferia de Fortaleza. Dessa forma a gente consegue falar dessa multiplicidade de vozes, que hoje são capazes de criar narrativas e pensar o mundo através do cinema”, completa
Já com relação a seleção de curtas-metragens, a curadora destaca a presença forte das escolas de formação. “Atualmente, nós temos muitas escolas na capital e no interior. Isso traz para a Mostra, muitos realizadores iniciantes. Esse resultado tem muito a ver com a proposta, que é intrínseca na Mostra Olhar do Ceará: de ser porta de entrada dos realizadores cearenses, para que eles possam se mostrar para o mundo. Desse modo, a gente consegue ter a Mostra como um panorama da potência criativa e da diversidade do cinema cearense”, comenta Camilla Osório.
Dentre os 15 curtas-metragens selecionados para a mostra, dois são documentários: “Encruzilhadas do som”, de Edigar Martins, que aborda o papel da música na Umbanda, reverenciando a dimensão encantada e a diversidade sonora, através da experiência de quatro umbandistas de Fortaleza; e o documentário híbrido “Urubu aterrado”, de Cris Sousa e Weslley Oliveira, onde Cris, por meio das memórias de sua mãe, lança um olhar sobre o tempo e o espaço que um dia viveu. As memórias em trânsito se alteram como a força do vento que modifica a paisagem à beira mar. A favela do urubu está aterrada pelo poder da classe dominante.
Duas animações estão entre os curtas selecionados: “Barra Nova”, de Diego Maia; e “Todo mundo tem um anjo”, de Neil Armstrong Rezende. O gênero experimental aparece em três produções: “A humanidade que me resta”, de Kieza Fran Nascimento; “Quando o passado for presente lembra-se de mim no futuro” de Rafael Vilarouca; e “Camurupim” de Allan Matheus, um realismo fantástico/experimental.
Completam a mostra as ficções: “Alienígena”, de Ricardo Peres e Wagner Lima Mendes; “As velas do Monte Castelo”, de Lanna Carvalho; “Jaci”, de Bruno Lobo La Loba; o doc-ficção “Onde está Mymye Mastroiagnne?” de biarritzzz; “O primeiro movimento é explosão”, de Grenda Costa; “Terral”, de Alisson Emanoel e Carol Cavalcante, o drama “A parte que falta”, de Nicole Nasser; e o curta de terror “Noites em claro” de Elvis Alves.
O 33° Cine Ceará terá exibições no Cineteatro São Luiz e no Cinema do Dragão, equipamentos da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult/CE) geridos pelo Instituto Dragão do Mar (IDM). Com o crescimento no número de filmes, a Mostra Olhar do Ceará desta edição ocupará as duas salas do Cinema do Dragão, que receberá também outras exibições de mostras não competitivas do 33° Cine Ceará. Todos os filmes das mostras competitivas serão exibidos com legenda descritiva para surdos e ensurdecidos em idioma português.
OS LONGAS DA MOSTRA OLHAR DO CEARÁ
A luta de Nzinga. Direção: Eduardo Cunha Souza. Documentário. 74’. Ceará. 2022. Livre
Amilton Melo – ídolo de todos. Direção: Ciro Câmara e Vinicius Augusto Bozzo. Documentário. 75’. Ceará. 2023. 10 anos
Nirez eterno. Direção: Aderbal Nogueira e Glauber Paiva. Documentário. 73’. Ceará. 2023. Livre
Os maluvidos. Direção: Josenildo Nascimento e Gislandia Barros. Ficção. 73’. Ceará. 2022. 12 anos
Quando eu me encontrar. Direção: Amanda Pontes e Michelline Helena. Ficção. 77’. Ceará. 2023. 12 anos
Represa. Direção: Diego Hoefel. Ficção. 77’. Ceará. 2023. Livre
Todas as vidas de Telma. Direção: Adriana Botelho. Híbrido. 72’. Ceará. 2022. Livre
Um pedaço do mundo. Direção: Tarcísio Rocha Filho, Victor Costa Lopes e Wislan Esmeraldo. Documentário. 75’. Ceará. 2022. 12 anos
OS CURTAS DA MOSTRA OLHAR DO CEARÁ
A humanidade que me resta. Direção: Kieza Fran Nascimento. Experimental. 6’. Ceará. 2023. 14 anos.
Alienígena. Direção: Ricardo Peres e Wagner Lima Mendes. Ficção. 15’. Ceará. 2023. Livre.
A parte que falta. Direção: Nicole Nasser. Drama. 18’. Ceará. 2023. 10 anos
As Velas do Monte Castelo. Direção: Lanna Carvalho. Ficção. 16’. Ceará. 2022. Livre
Barra Nova. Direção: Diego Maia. Animação. 12’. Ceará. 2022. Livre
Camurupim. Direção: Allan Matheus. Realismo Fantástico/Experimental. 12’. Ceará. 2022. Livre
Encruzilhadas do som. Direção: Edigar Martins. Documentário. 18’. Ceará. 2023. Livre
Jaci. Direção: Bruno Lobo La Loba. Ficção. 15’. Ceará. 2022. 16 anos
Noites em claro. Direção: Elvis Alves. Terror. 20’. Ceará. 2022. 12 anos
Onde está Mymye Mastroiagnne? Direção: biarritzzz. Doc-Ficção. 17’. Ceará. 2023. 12 anos
O primeiro movimento é explosão. Direção: Grenda Costa. Ficção. 21’. Ceará. 2022. 12 anos
Quando o passado for presente lembra-se de mim no futuro. Direção: Rafael Vilarouca. Experimental. 18’. Ceará. 2022. Livre
Terral. Direção: Alisson Emanoel e Carol Cavalcante. Ficção. 19’. Ceará. 2023. Livre
Todo mundo tem um anjo. Direção: Neil Armstrong Rezende. Animação. 10’. Ceará. 2023. Livre
Urubu aterrado. Direção: Cris Sousa e Weslley Oliveira. Documentário híbrido. 20’. Ceará. 2023. Livre
O 33º Cine Ceará é uma realização do Ministério da Cultura, através da Secretaria do Audiovisual, da Associação Cultural Cine Ceará e da Bucanero Filmes. Tem o apoio institucional do Governo do Estado do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura (Secult Ceará), apoio da Prefeitura de Fortaleza, por meio da Secretaria Municipal da Cultura (Secultfor), da Universidade Federal do Ceará, via Casa Amarela Eusélio Oliveira, Apoio Cultural da Universidade de Fortaleza e do Canal Brasil, e tem parceria com o Cineteatro São Luiz e o Cinema do Dragão, equipamentos da Secult Ceará, geridos pelo Instituto Dragão do Mar, onde serão realizadas as exibições. Patrocínio: Itaú.