Foi em clima de festa e celebração que a cidade serrana de Guaramiranga, no Ceará, deu início à 31ª edição do Festival Nordestino de Teatro (FNT) no último sábado (13). Com um cortejo pelas ruas da cidade, o evento reuniu crianças, jovens, artistas e moradores em um desfile repleto de cores, música, dança e expressões artísticas, que encantou o público e marcou o início de uma semana dedicada às artes cênicas do Nordeste. A abertura oficial aconteceu na Praça do Teatro Municipal, onde o espetáculo “O Desejo de Catirina”, apresentado pela Escola Livre de Teatro do Maciço de Baturité, deu o tom da programação diversa que se estende até o dia 20 de setembro.
Na mesma noite, o Teatro Municipal de Guaramiranga — recém-reaberto ao público — foi palco da cerimônia oficial de abertura, que contou com a presença de autoridades como Maria Marighella, presidenta da Funarte, e Luísa Cela, secretária da Cultura do Ceará. Também estiveram presentes representantes políticos e culturais da região, como a prefeita de Guaramiranga, Ynara Mota, e o prefeito de Baturité, Herberlh Mota. A diretora do festival, Nilde Ferreira, destacou a importância do FNT como um espaço de resistência e celebração da arte nordestina.
Ainda no Teatro Municipal, o grupo Carroça de Mamulengos, de Juazeiro do Norte, emocionou o público com o espetáculo convidado “Histórias de Teatro e Circo – Três Gerações de Arte Brincante”. A montagem, que mescla memória, tradição popular e circo, arrancou aplausos calorosos e reforçou o caráter afetivo do festival, que conecta gerações por meio da arte.
O primeiro espetáculo da Mostra Nordeste foi apresentado no Teatro Rachel de Queiroz. Com ingressos esgotados, o grupo Cia Pão Doce de Teatro, do Rio Grande do Norte, encantou a plateia com “O Torto Andar do Outro”, uma obra que explora os dilemas da convivência e da empatia. No dia seguinte, o espetáculo foi tema de um debate matinal, dando início a uma das marcas do FNT: a reflexão crítica sobre os processos criativos e os temas abordados nas cenas.
Programação segue no Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga
Durante toda a semana, o festival oferece uma ampla programação, com destaque para a Mostra Nordeste, que reúne grupos de teatro de todos os estados da região. Espetáculos como “Maria Firmina dos Reis, uma voz além do tempo” (MA), “Negreiros” (AL) e “Parahyba Rio Mulher” (PB) trazem à cena narrativas históricas e sociais. O Ceará também está representado com “A Força da Água”, montagem que celebra os 20 anos do grupo Pavilhão da Magnólia.
A Mostra Palco Ceará valoriza a produção teatral local com 12 espetáculos vindos de cidades como Fortaleza, Juazeiro do Norte e Itapipoca. Uma novidade desta edição é a Mostra Especial em Baturité, dedicada ao teatro de bonecos. Outra frente do festival é a Mostra Cenas Germinantes, que destaca artistas emergentes e criações em processo, revelando novas vozes e experimentações no cenário cênico nordestino.
Pensando no público infantil e na formação de novas plateias, o FNT também leva espetáculos infantojuvenis a escolas, praças e espaços comunitários da cidade. Paralelamente às apresentações, o festival promove oficinas, intervenções urbanas, performances e debates que estimulam o intercâmbio entre artistas, pesquisadores e gestores culturais, movimentando intensamente a vida cultural da cidade durante os dias do evento.
Com o tema “Palco do Pertencer”, a 31ª edição do Festival Nordestino de Teatro propõe reflexões sobre identidade, território e ancestralidade. Realizado pela Associação dos Amigos da Arte de Guaramiranga (AGUA), o FNT é apoiado por importantes instituições culturais como a Funarte, SESC Ceará e Secretaria da Cultura do Estado. Ao longo de mais de três décadas, o festival firmou-se como um dos principais palcos da cultura nordestina, contribuindo para a descentralização da arte e fortalecendo a cena teatral do Brasil.
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