O Ceará tem 573 quilômetros de litoral e praias mundialmente conhecidas, como Jericoacoara e Canoa Quebrada. O fluxo de turistas que desembarcam em solo cearense chega a marca de mais de 800 mil, entre dezembro e janeiro, e 400 mil em julho, períodos de alta estação, de acordo com a Secretaria de Turismo do Estado (Setur). Mas, na Terra da Luz não tem apenas sol e mar. Para quem gosta de curtir aquele friozinho e desbravar a natureza, tem também serras e chapadas, relevos com altitudes elevadas e vegetação verde que contrastam no meio do sertão.
Um desses destinos turísticos é a Chapada do Araripe, localizada ao Sul do Estado, no Cariri. Na divisa entre o Ceará e Pernambuco, a formação geológica é uma reserva ecológica que reúne fontes naturais, grutas e sítios paleontológicos. Saindo de Fortaleza, é possível acessar a região por meio das rodovias BR-116, CE-393 e CE-293 ou ainda pelo Aeroporto Orlando Bezerra de Menezes, em Juazeiro do Norte, que oferece voos diários inclusive para as capitais do Sul do País (São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte).
Com clima diversificado, gastronomia regional, contato com a natureza, esportes e trilhas que narram nossa história, os municípios situados na chapada são referência em cultura popular e eventos artísticos-musicais. Rodeado pela Chapada do Araripe, o Cariri tem um “coração”, o Crajubar, formado por Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha. Esse triângulo desponta no Estado e no País por um forte turismo religioso e histórico, com Padre Cícero e fósseis de peixes e de dinossauros voadores de 110 milhões de anos encontrados na Floresta Nacional do Araripe-Apodi.
E já que estamos em junho o destaque fica para Barbalha, reconhecida pela glória arquitetônica e por uma das festas juninas mais tradicionais do Ceará: a festa de Santo Antônio ou festa do Pau da Bandeira. O ritual envolve fé e misticismo e dura 19 dias. Começa com a “Noite das Solteironas”, no dia 26 de maio, e encerra com a quermesse, no dia 13 de junho, Dia de Santo Antônio.
Arajara Jazz e Blues
Neste ano de 2018, Barbalha sediará, pela primeira vez, um festival de jazz e blues, que promete entrar para o calendário de festejos do município, quiçá do Nordeste. O local escolhido para receber o festival é Araraja, distrito situado no sopé da serra.
O Arajara Jazz e Blues ocorrerá entre os dias 29 de junho e 1º de julho, com entrada gratuita, e terá shows com artistas de renome nacional. Uma das 12 atrações do festival é o compositor e cantor Luiz Fidélis. O músico caririense possui um repertório de mais de 200 canções e cerca de 25 anos de carreira. Compôs para vários artista brasileiros, entre eles: Elba Ramalho, Dominguinhos, Fagner, Quinteto Violado e Frank Aguiar. Nos anos 90 fez parceria com a Banda Mastruz com Leite, lançando músicas que retratam a vida do cidadão do interior nordestino com repercussão nacional.
Quem também subirá ao palco do festival, batizado de soldadinho-do-araripe, em homenagem ao pássaro símbolo da região, é a banda Bluesin que buscou um timbre musical inspirado nas origens do blues norte-americano e nos ícones do rock’n roll das décadas de 1970 a 1990. Nascido no enorme celeiro artístico/cultural que é o Cariri Cearense, o power trio composto por Pedro Grangeiro (guitarra e vocal), Dion Saraiva (bateria) e Emerson Gomes (contrabaixo) executa interpretações de grandes bandas e artistas como Jimi Hendrix, Led Zeppelin, The Beatles, Eric Clapton e Stevie Ray Voughan.
Trilhas
Durante o Arajara Jazz e Blues, quem gosta de se aventurar praticando mountain bike ou fazer aquela caminhada pode se embrenhar nas diferentes trilhas da Floresta Nacional do Araripe. Uma das melhores vistas é alcançada na Trilha do Mirante do Picoto de Arajara, de cerca de 8 quilômetros. Do topo é possível avistar cinco cidades, inclusive Juazeiro do Norte com vista da estátua de Padre Cícero.
Outra trilha bastante conhecida é que passa pelo Cruzeiro do Farias e chega no Picoto da Macaúba, também chamado de Mirante de Seu Mundô, um senhor que viveu até mais de 80 anos dentro da floresta, colaborando com os programas de preservação e estudo do Ibama. O mirante forma uma emocionante passarela suspensa, natural, que feito um “narigão” se insinua no meio das alturas da chapada e pela qual pode-se desfrutar de uma visão privilegiada tanto da parte selvagem e incontaminada da encosta e suas escarpas rumo o pé de serra, quanto da parte ocupada pelas comunidades da encosta e do Vale do Cariri. Para participar das trilhas é preciso fazer uma inscrição pelos números (88) 9 9936-550 / (88) 9 8106.9944 e pagar uma taxa de R$ 20.
Arajara, lugar de fontes de águas cristalinas
“Arajara” na língua dos índios Kariris, os primeiros habitantes da região, significa: “lugar de fontes de águas cristalinas”. E Arajara é exatamente isso. O distrito fica a 920 metros de altitude, atinge temperaturas de 16ºC durante os meses de junho e julho, e tem entre atrações a Caverna do Farias, uma gruta com cerca de 100 milhões de anos, onde existem registros de vida pré-histórica e de onde jorram cerca de 200 mil litros de água por hora, uma das principais fontes de água mineral da Chapada. Hoje, a gruta faz parte do complexo turístico Arajara Park.