• novembro 29, 2019

Shoppings centers avançam para cidades da região metropolitana com grande potencial econômico

Shoppings centers avançam para cidades da região metropolitana com  grande potencial econômico

A região Nordeste é uma das principais responsáveis pelo aumento do faturamento do setor. Em 2020, seis estados da região, incluindo o Ceará, vão inaugurar novos shoppings

Os shoppings centers comumente encontrados nas grandes metrópoles estão chegando nas cidades interioranas. Segundo o Censo Brasileiro de Shoppings Centers 2018/2019, realizado pela Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce), a implantação de shoppings centers em regiões do interior tem se tornado tendência no país. De acordo com o estudo, isso se deve à pouca concorrência, aos custos mais baixos na aquisição de terrenos e à facilidade de obter licenças.

Ainda de acordo com o censo, a região Nordeste é uma das principais responsáveis pelo aumento do faturamento do setor. No ranking, a região está em terceiro lugar em números de centros de compras. Dos 563 shoppings em operação no Brasil, 93 são do Nordeste, ficando atrás, apenas das regiões Sudeste e Sul, que estão com 289 e 97 operações, respectivamente.

Se no total, o Nordeste está em terceiro, quando se fala em novas operações, a região teve o maior número de inaugurações de shoppings centers. De 14 novas operações inauguradas no país, cinco foram dessa região. No Ceará, até o fim deste ano, o estado deve contar com 18 shoppings em operação, número que vai aumentar em 2020, com a abertura do Viramar Shopping, do Grupo Paráclito Engenharia, prevista para o dia 19 de março.

O novo empreendimento fica entre dois municípios da região metropolitana de Fortaleza, que vem se destacando pelo crescimento demográfico e fomento ao desenvolvimento econômico: Pacajus e Horizonte. Cerca de 60% do shopping fica em Pacajus, cujo a fachada fica de frente para a avenida Expedito Chaves Cavalcante, rua principal do município, e os fundos do terreno que representa 40%, chegam a avenida Asa Branca, em Horizonte.

SHOPPING NO VALE DO CAJU

Com investimento na ordem de R$ 60 milhões, o shopping contará com 16.192 m² de Área Bruta Locável (ABL) com mais de 180 lojas, sendo oito megalojas de 180 m², quatro âncoras e 23 lojas de conveniência, além de quatro salas de cinema, praça de alimentação com vista panorâmica, centro de eventos e um estacionamento com capacidade para 4.500 veículos. Dentre as 14 operações já confirmadas estão as redes de fastfood Burger King e Bob’s, a Cacau Show, Tenda Roxa e o Loucos por Coxinha.  Já na área de serviços, os clientes terão postos da Secretaria de Finanças do Município (Sefin) da Prefeitura de Pacajus e do Detran.

O centro comercial deve promover cerca de 2.600 empregos diretos e indiretos e uma maior diversificação econômica na região. Para os lojistas, o empreendimento apresenta como diferencial, a isenção do pagamento de ISS (Imposto Sobre Serviço), IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana) e taxas municipais, prevista na Lei N° 307/2013 estabelecida pela Prefeitura Municipal de Pacajus. Além disso, o shopping funcionará em horário maior do que o praticado no centro comercial da cidade.

O empresário Sabino Benício de Morais, proprietário do Viramar Shopping, avalia que o empreendimento transformará de forma significativa o setor de comércio e serviços dos municípios de Horizonte e Pacajus. “Além do impacto econômico, o shopping vai atender a uma população que atualmente precisa se deslocar a Fortaleza para comprar em determinadas lojas e para se divertir em cinemas ou outras opções de entretenimento que, a partir do ano que vem, serão ofertadas no Viramar”, pontua.

Sabino Benício adianta ainda que o Viramar Shopping faz parte de um projeto ainda maior, um Master Plan, que pretende criar um bairro planejado no entorno do centro comercial.

AÇÃO AMBIENTAL

O Viramar Shopping também terá como marca a sustentabilidade ambiental. Todo o esgoto vai ser tratado e a água será reutilizada no processo de refrigeração dos aparelhos de ar-condicionado. Já a matéria orgânica resultante do processo de tratamento será utilizada para adubar os jardins do empreendimento.

O VALE DO CAJU

De acordo com o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), Pacajus e Horizonte estão entre as cidades da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) que apresentam as mais elevadas participações no PIB do Estado. Situados em uma das zonas industriais mais dinâmicas do Ceará, os dois municípios formam um complexo industrial que emprega grande parte da mão de obra da região.

O presidente do Conselho dos Secretários Municipais de Agricultura, Desenvolvimento Econômico e Tecnológico do Estado do Ceará (COMDETEC) e secretário de Desenvolvimento Econômico de Pacajus, Roberto Cariri, afirma que tem trabalhado para descentralizar o PIB da RMF e que os municípios de Pacajus e Horizonte, nos últimos anos, têm abrigado empresas que fortaleceram bastante a economia da região.

“Essas empresas estão trazendo um diferencial muito grande para as cidades. Em Horizonte, há Ford Troller, Vulcabrás, Santana Textil, que tem gerado muitos empregos. Pacajus conta com a Vicunha, maior indústria têxtil da América, a WestRock, líder em embalagens de frutas, e a Malwee, empresa líder no mercado da moda. E o Viramar Shopping que está prestes a inaugurar é um grande presente para a região. Ele fica no polo Horizonte-Pacajus, elo da cadeia produtiva do caju, que está em crescimento e tem uma reação econômica muito favorável”, completa.

Além dos grandes empreendimentos, Pacajus tem como destaque econômico o cultivo de caju. A fruta típica de nossa região é a principal atividade de outros 11 municípios que formam o Vale do Caju (Aquiraz, Aracoiaba, Barreira, Beberibe, Cascavel, Chorozinho, Horizonte, Itaitinga, Ocara, Pacajus e Pindoretama). Tamanha é a importância do caju e a forma como é produzido que o Vale do Caju é comparado com o Vale do Silício, nos Estados Unidos, onde nasceram e se desenvolveram as empresas pioneiras e gigantes da tecnologia.

No Vale no Caju, são aplicadas as melhores práticas e relações entre os setores produtivo (agricultura e indústria) e poder público, o que colocou o Ceará como líder na exportação de castanha do Brasil e como o terceiro produto mais exportado pelo Estado na balança comercial. 

Somente na agricultura e no comércio, essa cadeia produtiva gera 7 mil empregos: dois mil na feira livre, onde passam 10 mil pessoas, e os outros cinco mil nas 110 lojas associadas à CDL. O turismo e a indústria, por sua vez, também contribuem para a elevada renda per capita de Pacajus, que contabiliza R$ 14.375,34, segundo dados do IBGE (2016).

Já Horizonte está entre os municípios com o maior PIB do Ceará e o sexto em PIB per capita, no valor de R$22.416.48. O mercado contempla 17.300 trabalhadores formais em mais de 350 modalidades de ocupação.  São cerca de 4.400 empresas, sendo 2.060 nos setores de comércio e serviços. Juntando o mercado privado e mais as receitas públicas, advindas dos servidores públicos do Município, INSS e cartões de benefício, o mercado local tem potencial para movimentar cerca de R$ 30 milhões para circulação no comércio.

Nos últimos anos, Horizonte tem atraído grandes empreendimentos, como Klabin, indústria do setor de papel e celulose, que decidiu implantar uma grande indústria e um Centro de Distribuição que consumirão investimentos de R$ 500 milhões; Brilux, do grupo pernambucano Raymundo da Fonte, que investiu R$ 56 milhões em sua fábrica de detergentes e amaciantes na cidade de Horizonte, a menos de 10 quilômetros de Pacajus.