• janeiro 16, 2018

O poder feminino da música nordestina no Rec-Beat

“Eu gosto de Juazeiro e adoro Petrolina”, os versos de Jorge de Altinho inspirados na ponte que liga Pernambuco e Bahia trouxeram esses estados para uma das composições clássicas do Nordeste. E dessas mesmas terras vêm dois novos marcos na música contemporânea: as cantoras Karina Buhr (PE) e Larissa Luz (BA), destaques do poder feminino na extensão do “Rec-Beat”. O festival de música independente que nasceu e cresceu em Recife, esse ano vai ter duas paradas no Ceará em pleno pré-carnaval.

Passando primeiro por Sobral, Karina traz um som que testa os limites entre o rock e a cultura regional com uma composição densa. Karina não dispensa o tom ácido ao cantar sobre os incômodos modernos da sociedade, fazendo com que sua música evoque uma sonoridade punk. O trecho abaixo é um dos versos impactantes de seu último álbum “Selvática”, que origina a apresentação.

“Hoje eu não quero falar de beleza. Ouvir você me chamar de princesa. Eu sou um monstro”  Karina Buhr

Da Bahia, Larissa Luz se apropria de elementos que misturam rap, rock, dubstep e samba reggae com os movimentos afro do punk e futurismo, suas fontes de inspiração. O som rebuscado que apresenta em “Território Conquistado” é uma composição inspiradora no novo cenário da música baiana. Criado com colaboração da antropóloga Goli Guerreiro, o álbum promete arrepiar o festival.

“Não deixe que tentem te colonizar. Te converter, te doutrinar. Te alienar. Eu quero voar. Escrever o meu enredo. Liberdade é não ter medo!” Larissa Luz

Karina e Larissa representam não somente a temática feminista na essência de resistência e de inconformismo, como contribuem para a pluralidade da música nordestina numa revolução de experimentos sonoros e principalmente de inovações estéticas.

Na sexta-feira (19), o Festival Rec-Beat começa em Sobral, com realização do Instituto ECOA, na Praça São João, às 19 horas, chegando em Fortaleza, no sábado (20), repetindo a dose na Praça Verde do Dragão do Mar.