• outubro 17, 2017

Plataforma da Bienal apresenta a dança como instrumento de expressão e inclusão

Com uma série de ações a Bienal abre possibilidades de trabalhar a dança com pessoas com autismo e deficiência física. Toda a programação é gratuita.

A Bienal Internacional de Dança do Ceará, em sua 11ª edição, tem em sua programação, pelo terceiro ano, a Plataforma de Acessibilidade, que busca aproximar a dança de pessoas que tenham alguma deficiência. Com dois principais eixos, difusão e formação, a acessibilidade em perspectiva contempla a realização em formatos acessíveis como libras e troca de saberes. Toda a programação tem acesso gratuito.

O artigo 2º da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), aprovada na Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948, diz que não deve haver, em nenhum momento, discriminação por raça, cor, gênero, idioma, nacionalidade, opinião política ou religião. Outorgada, a declaração do corpo-gênese, entra em movimento e dança. Cria. E exalta a ode da diferença com a diversificada riqueza de gerações.

Apresentando a dança como uma possibilidade a mais de expressão, a plataforma tem como tema este ano “Diversidade e diferença”. O corpo que antes teimara em ser visto como “deficiente” se empodera da sua diferença se tornando um igual e tomando consciência de suas variadas formas de ser, dissertando assim sobre o direito a diversidade. Etnia, gênero e diferença são exemplos de características da diversidade humana que através do respeito e da equidade poder promover a igualdade, tolerância e respeito.

A Plataforma de Acessibilidade terá uma atividade inédita no contexto cearense, que é a prática pedagógica de dança para crianças e jovens com autismo. De acordo com o diretor artístico da Bienal de Dança, Ernesto Gadelha, no Brasil não há iniciativas que trabalhem dança com pessoas com autismo e mostrar essa perspectiva é uma forma de introduzir essa possibilidade de trabalho no contexto cearense. “Queremos despertar esse tipo de trabalho em dança. Não numa perspectiva terapêutica, mas como expressão, ou seja, o corpo em movimento, como elemento expressivo”, explica.

Tendo como base a temática do autismo, a professora e pesquisadora mineira Anamaria Fernandes, com o apoio dos graduandos em dança da UFC e da Associação TEAmo, ministra na Bienal a Residência “Poética da Diferença: criar e conduzir uma oficina de movimento e voz com pessoas autistas”. Será de 16 a 20 de outubro, das 13h às 18h, na Sala de Teatro do Porto Iracema das Artes.

Como parte do Seminário Dança e Acessibilidade, a pesquisadora também conduzirá a Masterclass “Autismo e autoralidade: encontros e criações” com o professor francês Benôit Le Bouteiller, especializado na área da deficiência, doença e vulnerabilidade. Será no dia 18, às 19h30, no auditório do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC). Para iniciar o debate, Anamaria exibirá o documentário “Un pas de côté” (Um passo de lado), produzido com o co-patrocinio do Ministério da Cultura francês, que retrata o trabalho que ela desenvolveu com jovens autistas em alguns ateliers de dança na cidade de Thorigné Fouillard, na França.

Para ampliar a percepção do que é a inclusão das pessoas com deficiência e de como pode ser feito o trabalho da dança com elas, o Seminário Dança e Acessibilidade contará com uma Roda de Conversa sobre “Corpo e Diferença – O que você é, ninguém pode ser”, no dia 25, às 15h, no auditório do Centro Dragão do Mar. A atividade será conduzida pelo bailarino cearense João Paulo Lima, pela companhia de dança contemporânea Giradança, do Rio Grande do Norte, que participa pela segunda vez da Bienal de Dança do Ceará e pelos mediadores Fausto Augusto Cândido e William Pereira Monte, da Associação PRODANÇA.

GIRADANÇA em “Die einen, die anderen”

Nesta edição da Bienal, a Giradança, que participa do Seminário Dança e Acessibilidade, traz o espetáculo “Die einen, die anderen” (2017 | 37min| Livre), um trabalho de cooperação entre a companhia e a coreógrafa alemã Toula Limnaios, desenvolvido no Brasil e em Berlim, na Alemanhã. O processo de criação é uma pesquisa comum entre as duas companhias, onde ao final elas se separam novamente. Projetado como um díptico, uma moeda com seus dois lados. A apresentação será no dia 26, às 20h, no Sesc Iracema.

Companhia de dança contemporânea criada em 2005 em Natal, no Rio Grande do Norte, pelos bailarinos Anderson Leão e Roberto Morais, a Giradança tem como proposta artística ampliar o universo da dança através de uma linguagem própria, utilizando o conceito do corpo diferenciado como ferramenta de experiências. Desde a sua estreia nacional, realizada no mesmo ano na Mostra Arte, Diversidade e Inclusão Sociocultural, no Rio de Janeiro, tem apresentado em palcos de todo o Brasil um trabalho que rompe preconceitos, limites pré-estabelecidos e cria novas possibilidades dentro da dança contemporânea.